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Quadrilha chefiada por ex-político pretendia matar delegado em MS

Conversas interceptadas pela PF revelam bandidos engrandecendo chefe do contrabando

Helio de Freitas, de Dourados | 09/07/2021 14:21
Carro da quadrilha lotado de cigarro paraguaio, apreendido em, 2019 (Foto: Divulgação)
Carro da quadrilha lotado de cigarro paraguaio, apreendido em, 2019 (Foto: Divulgação)

Ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal mostram contrabandistas e traficantes de drogas que atuam na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai armando  assassinato de delegado responsável pela apreensão de carregamento de cigarro paraguaio. O policial é apontado como inimigo da quadrilha por não aceitar suborno.

As conversas divulgadas hoje (9) pela Polícia Federal foram gravadas no âmbito das operações “Celeritas” e “Greasy Money”, deflagradas quarta-feira (7) contra dois grupos criminosos, um deles chefiado por ex-político da região de Mundo Novo e Eldorado. Assim como os demais investigados, ele não teve o nome divulgado.

Além da morte do delegado, os áudios divulgados nesta sexta-feira mostram os bandidos elogiando a potência de um dos carros usados pela quadrilha, que atingiu 265 quilômetros por hora na estrada. “Celeritas” significa “celeridade” ou “excesso de velocidade”, devido à modo de operação da organização, sempre em alta velocidade.

Morte de delegado – Segundo a PF, a conversa falando da morte do delegado ocorreu após apreensão de carreta com 800 caixas de cigarros. O local da apreensão e a data não foram divulgados.

Os investigados falam sobre o prejuízo para a quadrilha e a atuação do delegado que por não aceitar propina poderia entrar na mira do chefão do esquema.

“Mas por que, não tava pagando?”, questiona um dos investigados. “Não, mas lá o delegado não aceita, o delegado lá não pega”, responde o outro.

A conversa continua até o ponto em que os dois voltam a falar do delegado. “Que cagada hein bicho. Eita p..., se o cara num é do acerto e a ‘azulzinha’ é do acerto (ininteligível), porque não avisaram ?!. Ó, num vem não que o delegado hoje tá andando”.

Em seguida o bandido comenta: “Será que ele num vai mandar matar o delegado não bicho?”. O outro comenta: “Rapaz, num sei não se esse delegado vai viver hein. (Risos) eu acho que ele num vai pegar a manga do final do ano não”.

Um dos bandidos afirma: “eu também acho que não rapaz. Eu num sei não bicho! Se eu tivesse o poder que o ‘homi’ tem, hoje mesmo já busca ele”.

Ouça o áudio:


Bandido armado – Outra conversa divulgada pela Polícia Federal mostra dois integrantes da quadrilha conversando após flagrante de dois veículos carregados com maconha. Um deles questiona o motorista de um dos carros porque não atirou (revidou) nos policiais durante sua fuga.

“Tá com a sua mauser aí?”. “Tá, claro ué (risos)”, responde o motorista. “Mas você nem revidou?”, pergunta o outro. “Ah deu tempo não né cara, corri demais... preferi não revidar pra eles não ver o rumo que eu tava indo. Ia dar mais problema pra mim né”, responde.

Ouça o áudio:


A 265 por hora – Os áudios divulgados hoje pela PF mostram também a conversa entre dois integrantes da quadrilha. Um deles exalta a potência do veículo, dizendo que atingiu 265 km/h.

“O Nathan diz que o carro é uma galinha tá. Diz que deu 265 começou a tremer. Ele num viu na vida dele um trem pra andar daquele jeito! É doido bicho! Isso é uma máquina menino. Não filmei porque tremia demais”.

Ouça o áudio:


As operações – As operações deflagradas quarta-feira miram quadrilhas atuantes no tráfico de drogas, contrabando de cigarro e lavagem de dinheiro. Foram 30 mandados de prisão preventiva e 31 mandados de busca e apreensão, expedidos pelas Justiças Federais em Naviraí e Campo Grande e cumpridos em Naviraí, Itaquiraí, Eldorado, Tacuru e Bataguassu.

As investigações começaram em 2017. A organização criminosa ficou conhecida pela forma imprudente, geralmente em altíssima velocidade, com que os motoristas conduziam veículos roubados, carregados com cigarros ou drogas trazidas do Paraguai a partir da região de Mundo Novo.

“Greasy Money” significa “dinheiro oleoso”, pelo fato de que parte do dinheiro proveniente das atividades criminosas era “lavada” pela organização criminosa chefiada pelo ex-político através de postos de gasolina, casa de shows e “laranjas”.

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