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Cidades

Erisipela: doença que faz Bolsonaro não sair da Alvorada mata 12 por ano em MS

Presidente tem evitado deixar Palácio da Alvorada devido à doença, segundo o vice-presidente, Hamilton Mourão

Guilherme Correia | 17/11/2022 11:22
Perna de um paciente com erisipela; ferimento é mais comum nos membros inferiores. (Foto: Revista Saúde/Reprodução)
Perna de um paciente com erisipela; ferimento é mais comum nos membros inferiores. (Foto: Revista Saúde/Reprodução)

Doença que tem feito o presidente Jair Bolsonaro (PL) evitar deixar o Palácio da Alvorada, em Brasília (DF), a erisipela leva cerca de 12 vítimas à morte anualmente, em Mato Grosso do Sul, conforme dados do SUS (Sistema Único de Saúde), consultados pelo Campo Grande News nesta quinta-feira (17).

Segundo informado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) ao jornal O Globo, a ferida nas pernas é o motivo pelo qual o presidente evita até mesmo a presença em compromissos oficiais.

De acordo com registros oficiais do Ministério da Saúde, entre os anos de 1996 e 2020, 315 moradores de Mato Grosso do Sul morreram em decorrência de erisipela. Em média, ocorrem 12 óbitos a cada ano, nesse período.

Do total, 166 vítimas eram mulheres e 149 eram homens. Pacientes brancos (168) foram mais comuns, seguidos pelos de cor parda (111), indígena (9), preta (5) e amarela (2).

O Campo Grande News já noticiou casos de pacientes que foram a óbito após internação relacionada à erisipela, tais como o confeiteiro Fabiano Pereira, de 36 anos, que pesava cerca de 300 quilos à época, e morreu em 2017. No ano passado, aos 83 anos, João Fernandes Damascena foi vítima no Hospital São Julião, onde trabalhava.

Incidência - Pacientes mais velhos são mais comuns - a faixa etária mais frequente, segundo os dados do Ministério da Saúde, são os pacientes de 80 anos ou mais - 94 vítimas. Além disso, 90 pacientes tinham entre 70 a 79 anos.

A médica dermatologista Bibiana Callegaro explica ao Campo Grande News que a doença é mais comum em pessoas com determinadas condições que facilitam a infecção, como pessoas obesas, diabéticas ou imunossuprimidos. "É uma infecção da pele, causada por bactérias que penetram o organismo por ferimentos cutâneos.

A maior das bactérias que causam erisipela fazem parte da microbiota da nossa pele, mas precisam de uma porta de entrada como ferimento ou micose.”

Em geral, pessoas com sistema imunológico fragilizado têm circulação sanguínea prejudicada e têm uma porta de entrada maior para a bactéria. Se a doença não for tratada, pode evoluir para uma infecção generalizada e trombose, ou causar até a morte do paciente.

Segundo publicação da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, a erisipela é um processo infeccioso da pele, que pode atingir a gordura do tecido celular, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. Não é contagiosa.

“A melhor forma de prevenir a erisipela é evitar as portas de entradas para essas bactérias. Então é importante os cuidados: higiene local, manter espaço entre os dedos sempre limpos e secos, manter a pele hidratada, evitar traumas e ferimentos e manter as pernas desinchadas. Meias de compressão e repouso com pernas elevadas podem ajudar importante o controle de doenças crônicas como obesidade e diabetes", explica Callegaro.

A erisipela ocorre porque a bactéria Estreptococo penetra na pele, geralmente nas “frieiras”, micose entre os dedos, mas qualquer ferimento pode ser responsável. A pele mais favorável é a das pernas inchadas, principalmente nos pacientes diabéticos, obesos e idosos.

Sintomas - Os primeiros sintomas podem ser aqueles comuns a qualquer infecção, tais como calafrios, febre alta, fraqueza, dor de cabeça, mal-estar, náuseas e vômitos. As alterações da pele podem se apresentar rapidamente e variam desde vermelhidão, dor e inchaço até a formação de bolhas e feridas por necrose na pele, ou seja, a morte das células.

Se o paciente for tratado no início da doença, complicações são mais leves, mas casos não tratados a tempo podem progredir com abscessos, feridas superficiais ou profundas e trombose de veias. A sequela mais comum é o linfedema, um inchaço principalmente na perna e no tornozelo, resultante dos surtos repetidos de erisipela.

O tratamento deve ser administrado pelo médico e inclui uso de antibióticos específicos, redução do inchaço com repouso e pernas elevadas, ou até enfaixamento. Vale lembrar que somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.

O tratamento é feito com antibióticos específicos e de acordo com a gravidade da doença pode ser feito por via oral ou intravenosa e o tratamento com antibioticoterapia está disponível na rede pública assim como a prevenção e tratamento das comorbidades associadas", explicou a médica dermatologista Bibiana Callegaro.

Também pode ser feito fechamento da porta de entrada da bactéria, tratando as lesões de pele e as frieiras; limpeza adequada da pele, eliminando o ambiente propício para o crescimento das bactérias; uso de medicação de apoio, como anti-inflamatórios, antifebris, analgésicos e outras que atuam na circulação linfática e venosa.

As crises repetidas de erisipela podem ser evitadas através de cuidados higiênicos locais, mantendo os espaços entre os dedos sempre bem limpos e secos, tratando adequadamente as frieiras, evitando e tratando os ferimentos das pernas e tentando manter as pernas desinchadas.

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