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Artes

“Era minha madrinha”, diz Geraldo Espíndola, amigo e parceiro em ábum com Elza

Geraldo Espíndola gravou 2 músicas com Elza Soares, por amizade que começou em 1985, rodando o Brasil

Ângela Kempfer | 20/01/2022 18:41
Geraldo e Elza Soares em dois placos diferentes, mas com 37 anos de amizade. (Foto: Reprodução)
Geraldo e Elza Soares em dois placos diferentes, mas com 37 anos de amizade. (Foto: Reprodução)

Quando tinha 11 anos de idade, Geraldo Espíndola conseguiu um feito e tanto para uma criança apaixonada por música. Entrou em show proibido para menores, realizado no antigo Cine Santa Helena, onde hoje fica uma das lojas Americanas, no Centro de Campo Grande.

Não tinha como impedir, fez de tudo até chegar ao espaço para 1.100 pessoas e assistir ao show de Elza Soares e Jair Rodrigues, dois sucessos nacionais da época. “Foi amor à primeira vista. Meu Deus, nunca vou esquecer a postura daquela mulher maravilhosa no palco. Marcou a minha vida”, diz o fã, que virou amigo.

No dia da despedida da musa negra, cantora e compositora com uma das vozes mais potentes que o Brasil já produziu, Geraldo chora e lembra das viagens e canções gravadas ao lado de Elza. “Eu agradeço muito por ter gravado com ela na mesma cabine”, diz sobre o álbum “30 anos Nesse Mato”.

Em 2012, Elza participou desse disco em 2 momentos, nas canções "Lava de Blues" e "Deixei Meu Matão". “Deu um show. Gravamos juntos em estúdio de São Paulo. Não tinha como ser com outra pessoa. Eu sempre sonhava em gravar blues com ela”.



A história dos dois começou bem antes, durante Projeto Pixinguinha. Em 1985, eles rodaram por 9 capitais em apresentações gratuitas. “Um dia, eu estava tocando na varanda de um desses lugares, acho que Cuiabá, aí ela virou pra mim e perguntou: ‘Posso ser sua madrinha musical?'. Imagina a minha felicidade!", diz.

E ela cumpriu a missão, ensinando lições que nem todo artista compreende. “Ela me mostrou como é importante a gente ser fiel ao nosso público, a honrar a admiração que eles têm pela gente".

Nos 37 anos de amizade, Geraldo não faltou a nenhum dos shows de Elza em Mato Grosso do Sul, de lançamento de revista a Festival América do Sul, em Corumbá, lá estava ele. “Era madrinha musical, quando chegava aqui, ele tinha de estar presente. Não subia no palco antes de falar com o Geraldo”, conta a esposa e produtora Dalila Saldanha.

Álbum de Geraldo em vinil e CD, gravado em 2012, com a participação de Elza em duas canções.
Álbum de Geraldo em vinil e CD, gravado em 2012, com a participação de Elza em duas canções.

A última vez que conversaram foi em Bonito, em 2016, no Festival de Inverno. “Ela já estava sofrendo muito por conta dos problemas de coluna. Mas continuava maravilhosa”.

Para um dos maiores compositores sul-mato-grossenses, Elza foi a “melhor cantora do mundo”, importante também por inspirar gerações de mulheres e conversar com cada um como se não envelhecesse.

“Era adorável. Superou censura, superou tantas décadas de tanta opressão e sempre lutando”, se despede.

No fim de semana, outro fã faz homenagem à Elza. O radialista Ciro de Oliveira está preparando uma homenagem à cantora no Programa Encontro de Gerações, de 9 às 13h, na FM 104. "Tenho todos os CDs dela e ainda alguns vinis. Para mim, ninguém nunca gravou 'Meu guri', do Chico Buarque, como Elza Soares gravou".

Ouça a canção de Geraldo e Elza, "Lava de Blues":


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