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Capital

Surto que assola cidade é “de velhas viroses” e prevenção tem hábito da pandemia

Circulação dos vírus fez disparar número de atendimentos nesta semana

Por Aline dos Santos e Antonio Bispo | 25/04/2024 12:21
Pacientes na UPA Coronel Antonino na manhã desta 5ª feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pacientes na UPA Coronel Antonino na manhã desta 5ª feira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Literalmente na “boca do povo”, o termo virose, que fez disparar os atendimentos na rede de saúde de Campo Grande, abarca doenças “velhas conhecidas”, como gripe e covid. Ou seja, virose significa qualquer doença provocada por vírus. Mas, popularmente, a classificação é usada quando  o agente causador não é prontamente identificado.

Em tempos críticos, a prevenção exige hábitos já abandonados, mas que ficaram muito conhecidos na pandemia, como uso de máscaras, higienização das mãos, ventilar os ambientes abrindo as janelas e a etiqueta respiratória (nada de tossir na cara das pessoas).

Apesar do fato de o quadro atingir muitos adultos chamar atenção, pois crianças e idosos tendem a ser os mais atingidos, esse é um diferencial a favor dos vírus respiratórios: a fácil propagação.

“Na realidade, isso ocorre porque a suscetibilidade aos vírus respiratórios é muito grande. Eles ficam no ar, nas superfícies. Uma pessoa que espirra, tosse, deixa as partículas virais em suspensão. As outras pessoas vão respirando, ‘pegando’, se infectando de uma forma muito mais fácil. Com relação às crianças, elas têm sistema imunológico ainda em amadurecimento, ficam mais suscetíveis. Já os idosos têm sistema imunológico mais debilitado. O que faz com que essas duas parcelas possam ter mais possibilidade de ter infecções graves. Mas isso também não tira das faixas etárias dos adultos”, afirma o presidente do SinMed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana.

Presidente do Sindicato dos Médicos, Marcelo Santana. (Foto: Marcos Maluf)
Presidente do Sindicato dos Médicos, Marcelo Santana. (Foto: Marcos Maluf)

O médico destaca que a covid, por exemplo, é uma virose que nunca deixou de circular, mesmo passada a pandemia. “Eu creio que o que esteja circulando, da parte respiratória, seja três vírus. A influenza [gripe], tanto A quanto B, e a covid. A gente está passando por um período de surto, com vários vírus circulando. Normalmente, são sazonais mesmo. Eles vão acontecer e depois o número de casos vai diminuir”, diz Santana.

Em abril de 2023, o cenário foi similar, com notícias de superlotação entre fim de março e começo de abril, tanto na rede pública quanto na rede privada de Campo Grande, sendo as crianças as mais afetadas. Em 2021, o surto foi de gripe e num mês inusitado: em pleno dezembro, durante o Verão. O vírus havia sofrido uma mutação, não abarcada pelos imunizantes distribuídos no primeiro semestre de 2021, no período de outono e inverno.

Diante do vai e vem dos vírus, a orientação é aumentar a hidratação (ingestão de água) e priorizar alimentação mais leve e balanceada quando houver sintomas. “Para poder dar resistência ao organismo, para ter um enfrentamento melhor, se caso tiver alguma infecção”, diz Santana.

De olho nos hábitos – Nesse período de maior incidência de casos, as medidas preventivas incluem evitar aglomerações, usar máscaras em locais com grande circulação de pessoas (shoppings, transporte público) e higiene.

“Na verdade, não deveríamos perder a  questão de sempre higienizar as mãos. Outra medida bastante importante é tentar deixar os ambientes arejados. Se puder manter o ambiente no trabalho com janelas abertas para circulação do ar. Evitar de colocar mão na boca, nos olhos, no nariz. Nesse período mais crítico, a população pode voltar a usar máscaras no cotidiano para tentar evitar aumento no número de casos”, diz Santana.

Outro ponto importante para conter as epidemias é manter a vacinação em dia.

"Vou fazer o teste para tirar a limpo", diz Ildevan, com suspeita de covid. (Foto: Henrique Kawaminami)
"Vou fazer o teste para tirar a limpo", diz Ildevan, com suspeita de covid. (Foto: Henrique Kawaminami)

Combo de dores – Na UPA Coronel Antonino (Unidade de Pronto Atendimento), pacientes procuraram atendimento diante de quadro de dores de cabeça, pelo corpo, coriza e febre baixa.

O pedreiro Ildevan Antonio de Matos, 45 anos, conta que o médico suspeita de covid e deu encaminhamento para fazer teste. Ele vai fazer o exame em outro local, uma UBS (Unidade Básica de Saúde). “Vou fazer o teste para tirar a limpo. Estou há dois dias com febre, coriza e dor de cabeça”.

Daniel Fernandes, 25 anos, administrador, diz que foi diagnosticado com virose simples. “Não é nada grave, vou tomar medicamentos e me hidratar”, diz. O paciente tem quadro de coriza, febre baixa e dores.

Os pacientes contaram que a espera foi de cerca de duas horas. Ambos estavam de máscaras, uma medida para não levar os vírus adiante.

Os casos de virose mais do que triplicaram entre os dois primeiros dias desta semana em Campo Grande. Enquanto no domingo (21) foram atendidos 1.492 pacientes, na segunda-feira (22) foram 6.455.

A reportagem questionou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) sobre quais vírus estão circulando e aguarda retorno.

Daniel Fernandes, 25 anos, procurou atendimento na UPA Coronel Antonino. (Foto: Henrique Kawaminami)
Daniel Fernandes, 25 anos, procurou atendimento na UPA Coronel Antonino. (Foto: Henrique Kawaminami)

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