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Capital

Alvos da PF, esposa e assessora de Divoncir tem "patrimônios incompatíveis"

Pessoas ligadas ao desembargador são investigadas por ocultar bens possivelmente obtidos de forma ilegal

Por Jhefferson Gamarra | 09/02/2024 16:28
Desembargador Divoncir Maran e a companheira Viviane (de vestido) durante ação do TJMS (Foto: Divulgação/TJMS)
Desembargador Divoncir Maran e a companheira Viviane (de vestido) durante ação do TJMS (Foto: Divulgação/TJMS)

A autorização da ministra Maria Isabel Gallotti, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), para a Polícia Federal realizar mandados de busca e apreensão contra o ex-presidente do Tribunal de Justiça, Divoncir Schreiner Maran, e sua família, levou em consideração a possível prática de “confusão patrimonial”, manobra para ocultar bens materiais possivelmente obtidos de forma ilegal.

A ação foi desencadeada após o desembargador revogar a prisão do narcotraficante Gerson Palermo, condenado a 126 anos de cadeia. Agentes da PF foram a endereços de pessoas ligadas ao desembargador para encontrar documentos, anotações, provas em arquivos digitais, comunicações entre os investigados ou outros elementos que confirmem o esquema.

Contra Viviane Alves Gomes de Paula, companheira do desembargador e que ganhou cargo no TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) na época em que o magistrado exerceu mandato de presidente da Corte, havia pistas de possíveis irregularidades relacionadas ao seu patrimônio, como uma elevação financeira “inexplicável”, o que apontava para uma tentativa deliberada de ocultar a verdadeira origem dos bens do casal.

Já contra a assessora Gabriela Soares Moraes, que também foi alvo de em busca e apreensão, a Receita Federal identificou uma evolução patrimonial omitida em sua declaração anual de renda. Os valores que chamaram atenção da Receita foram repassados pelo pai e mãe da assessora, mas também havia lançamentos “sem identificação” que aumentaram as suspeitas.

Gabriela estava lotada no gabinete de Divoncir até 2020, quando foi dispensada, e logo em seguida passou a trabalhar para o desembargador Marcos Brito. Ela foi responsável por redigir o habeas corpus que concedeu liberdade ao narcotraficante Gerson Palermo no feriado de Tiradentes.

Por conta da investigação, o desembargador foi afastado de suas funções e proibido de manter contato com servidores, de entrar em todas as sedes do Judiciário, além de utilizar dos serviços direta ou indiretamente, sob pena de prisão preventiva.

Em resposta à reportagem, o advogado André Borges, que atua na defesa de Divoncir, considerou "drástica" a medida de afastamento  do magistrado e acredita que haverá o arquivamento ou absolvição do desembargador.

“Surpreende muito que nada de concreto e vinculado à decisão no habeas corpus foi apurado na investigação em curso. Apenas suspeitas infundadas e fatos antigos, que poderiam e serão esclarecidos. Medida drástica como a adotada exigiria muito mais, nos termos da lei. Mais adiante surgirá o único resultado para isso tudo: arquivamento ou absolvição. Divoncir Maran, um homem agradável e de enorme coração, jamais merecia isso que estão fazendo com ele”, pontuou o advogado.


Organograma da Receita Federal indicando a participação do desembargador e familiares no esquema (Imagem: Reprodução)
Organograma da Receita Federal indicando a participação do desembargador e familiares no esquema (Imagem: Reprodução)

Em família - Organograma divulgado pela Receita Federal mostra que esposa e três filhos do desembargador também são investigados pelo suposto esquema que acabou favorecendo a fuga de Palermo, condenado a 126 anos de prisão.

Segundo a imagem sobre como funcionava o suposto esquema, há evidências de envolvimento direto dos três filhos de Divoncir, Vânio Cezar Bonadiman Maran, Rafael Fernando Gehlen Maran e Divoncir Schreiner Maran Junior, todos advogados, e atual esposa Viviane Alves Gomes de Paula, servidora do TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

Assim como a participação do desembargador Marcos José de Brito Rodrigues e seu filho o advogado Diogo Ferreira Rodrigues, que é sócio dos filhos de Divoncir. No esquema também aparece a assessora Gabriela Soares Moraes.

Segundo a apuração, Divoncir receberia propina para beneficiar Palermo, repassaria os valores aos filhos que acionariam um sócio para lavagem do dinheiro recebido do narcotraficante, com participação de um ex-funcionário Cristian Araújo, apontado como laranja.

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