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Cidades

Censo 2022: O que o IBGE vai perguntar nas casas dos sul-mato-grossenses?

Maior pesquisa do País vai a todas as casas em todos os municípios e serve para traçar políticas públicas

Guilherme Correia e Gabrielle Tavares | 02/08/2022 16:29
Equipe do Censo 2022 em visitas domiciliares no Jardim Sayonara. (Foto: Kísie Ainoã)
Equipe do Censo 2022 em visitas domiciliares no Jardim Sayonara. (Foto: Kísie Ainoã)

Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) começou na segunda-feira (1º) em todo o País e, em Mato Grosso do Sul, vai visitar todas as cerca de 950 mil casas, com objetivo de traçar um panorama sobre as diferentes características da população, que será utilizado para definir as estruturas e políticas públicas.

A expectativa é que divulgação inicial da pesquisa, em novembro, indique a população precisa dos municípios e estados brasileiros. Somente na Capital, são 290 mil casas estimadas.

No Estado, todo o trabalho de coleta de análise de divulgação será feito por 3 mil trabalhadores. Somente no pagamento de recenseadores serão investidos R$ 10 milhões.

Segundo o IBGE, posteriormente, até o ano de 2023, o levantamento completo será publicado, trazendo dados sobre as características dos moradores - idade, sexo, cor ou raça, religião, escolaridade, renda, saneamento básico dos domicílios, entre outras informações.

Recenseadora Adriana da Silva Chaves. (Foto: Kísie Ainoã)
Recenseadora Adriana da Silva Chaves. (Foto: Kísie Ainoã)

Por volta das 13h, agentes realizavam pesquisa na Rua Leverno de Queirós, no Jardim Sayonara, em Campo Grande. A recenseadora Adriana da Silva Chaves, de 24 anos, já havia visitado os moradores da região na parte da manhã e voltou para completar as quadras do bairro. É a primeira vez que ela se inscreveu para trabalhar no Censo e para ela, a principal dificuldade é aplicar nas ruas o treinamento que recebeu do IBGE.

"Está me rendendo muito aprendizado, porque estamos lidando com gente né. São informações delicadas, tem que perguntar se a pessoa sabe ler e escrever. Então é um trabalho que exige muita delicadeza da parte do recenseador na hora de fazer as perguntas, num tom que não ofenda. Hoje mesmo atendi a casa de duas moradoras que eram analfabetas, é uma coisa que você vê que a pessoa sente de responder", relatou.

Adriana estava acompanhada do supervisor Dênis Feres Braga, 20, que resolveu trabalhar para Censo deste ano como forma de contribuir para o desenvolvimento do País. Com a divulgação das pesquisas, ele avalia que a recepção da população tem sido boa em Campo Grande.

Supervidor do Censo 2022, Dênis Feres Braga. (Foto: Kísie Ainoã)
Supervidor do Censo 2022, Dênis Feres Braga. (Foto: Kísie Ainoã)

"Claro que tem um caso ou outro de recusa, algumas pessoas que são mais desconfiadas, mas a gente tem os métodos de garantir a credibilidade do recenseador", explicou. Ele comenta que no mês passado, na etapa em que os supervisores pesquisaram informações do entorno das ruas - como acessibilidade, quantidade de bueiros e arborização - a recepção foi tão boa que os moradores chegaram a oferecer bolo e café para os trabalhadores.

"Acontece muito, às vezes a gente tava andando na rua e as pessoas já perguntavam se podiam responder o questionário, já chamavam a gente pra entrar, ofereciam as coisas. Em alguns casos a gente tinha que dar até uma segurada", apontou.

De casa em casa, os dois iniciaram a pesquisa de baixo do sol de 33 ºC de Campo Grande, equipados de boné e DMC (Dispositivo Móvel de Coleta) na mão. A maioria dos moradores não estavam em casa nessa primeira hora da tarde. Nesses casos, os números das residências eram anotados para que a equipe pudesse retornar outro dia.

Morador do Jarim Sayonara, Geiksom Azevedo. (Foto: Kísie Ainoã)
Morador do Jarim Sayonara, Geiksom Azevedo. (Foto: Kísie Ainoã)

O primeiro que topou contribuir com o questionário foi o pedreiro Geiksom Azevedo, 29, que nem sabia que do que a pesquisa se tratava, mas respondeu as perguntas mesmo assim.

"Foi tranquilo as perguntas, respondi pelo pessoal de casa. Não sabia para o que era não, nem sei pra que que usam isso, mas respondi de boa", disse.

A pensionista Sonia Regina, 66, mora há 36 anos na mesma casa, mas foi a primeira vez que respondeu as perguntas. Ela não desconfiou da equipe porque tinha visto notícias sobre o Censo, embora tenha se surpreendido com a agilidade.

"As perguntas eram mais pessoais né, então é tranquilo de responder. Eu vi na televisão que ia começar a pesquisa, só não achei que iam vim tão rápido aqui, achei que iam demorar mais. Não achei que era golpe nem nada porque olho na câmera antes de abrir, então vi que era do IBGE por causa da roupa", ressaltou.

Recenseadora realizando pesquisa com moradora Sonia Regina. (Foto: Kísie Ainoã)
Recenseadora realizando pesquisa com moradora Sonia Regina. (Foto: Kísie Ainoã)

Como são as visitas? Serão aplicados dois tipos de questionário: o básico, com 26 quesitos, leva em torno de 5 minutos para ser respondido. Já o questionário ampliado, com 77 perguntas e respondido por cerca de 11% dos domicílios, leva cerca de 16 minutos.

Clique aqui para ler o questionário básico.

Clique aqui para ler o questionário completo.

O questionário pode ser respondido presencialmente, por telefone e pela internet. No entanto, os agentes irão até as casas para coletarem o contato dos moradores.

O que os recenseadores perguntam? O questionário básico traz os seguintes blocos de perguntas:

  • Identificação do domicílio

  • Informações sobre moradores

  • Características do domicílio

  • Identificação étnico-racial

  • Registro civil

  • Educação

  • Rendimento do responsável pelo domicílio

  • Mortalidade

Já o questionário da amostra, além dos blocos contidos no questionário básico, investiga também:

  • Trabalho

  • Rendimento

  • Nupcialidade

  • Núcleo familiar

  • Fecundidade

  • Religião ou culto

  • Pessoas com deficiência

  • Migração interna e internacional

  • Deslocamento para estudo

  • Deslocamento para trabalho

  • Autismo

Além disso, o IBGE solicita os dados da pessoa que prestou as informações, como nome, telefone, e-mail e CPF (Cadastro de Pessoas Físicas).

Quem pode responder? Qualquer morador, acima de 12 anos, capaz de fornecer as informações, pode responder ao recenseador por todos os demais residentes daquela casa. Ou seja, apenas uma pessoa do domicílio responderá pela residência.

Mapa do bairro onde os recenseadores farão as pesquisas. (Foto: Kísie Ainoã)
Mapa do bairro onde os recenseadores farão as pesquisas. (Foto: Kísie Ainoã)

É seguro responder? Todas as informações coletadas são confidenciais, protegidas por sigilo e usadas exclusivamente para fins estatísticos, conforme estabelece a lei nº 5.534/68, lei nº 5.878/73 e o decreto nº 73.177/73.

Além disso, a lei nº 5.534, de 14 de novembro de 1968, dispõe sobre a obrigatoriedade de prestação de informações estatísticas. Ou seja, conforme a legislação vigente, é obrigatório que o IBGE realize o Censo.

Para identificá-los, os recenseadores estarão sempre uniformizados, com o colete do IBGE, boné do Censo, crachá de identificação e o DMC, que é um celular próprio para o trabalho.

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É possível confirmar a identidade do agente do IBGE no site Respondendo ao IBGE (respondendo.ibge.gov.br) ou pelo telefone 0800 721 8181.

Além disso, agentes da Central de Atendimento ao Censo responderão dúvidas, prestarão auxílio conceitual e operacional no preenchimento do questionário via internet e, mediante autorização, poderão preencher o questionário em entrevista. O contato pode ser feito pela população, gratuitamente, via telefone 0800 721 8181.

O que é o Censo? Previsto para acontecer em 2020, 10 anos após o último, o Censo é feito com dois anos de atraso em razão da pandemia de covid-19, além de cortes orçamentários.

Segundo o IBGE, o Censo é uma pesquisa realizada a cada década e “realiza uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira e permite traçar um perfil socioeconômico do País”.

As entrevistas para a construção do Censo deveriam ter sido feitas em 2020, mas foram suspensas por causa do início do período pandêmico do coronavírus.

Adriana e Dênis na rua Leverno de Queiroz, Jardim Sayonara. (Foto: Kísie Ainoã)
Adriana e Dênis na rua Leverno de Queiroz, Jardim Sayonara. (Foto: Kísie Ainoã)

Em 2021, houve um novo adiamento por falta de recursos. O orçamento daquele ano foi sancionado, com vetos, pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o que suspendeu a realização do Censo no ano passado. Após determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), no entanto, o governo federal liberou o recurso necessário para a realização da operação censitária.

Em todo o País, visitando todos os domicílios dos mais de cinco mil municípios brasileiros, o investimento inteiro será de R$ 2,3 bilhões.

Segundo o diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, o primeiro Censo foi feito em 1872 para contar o saldo da Guerra do Paraguai, chegando a cerca de 10 milhões de pessoas. “Hoje, 150 anos depois, temos o desafio de contar 215 milhões de pessoas, segundo indicam as estimativas populacionais.”

Ele explica que além de identificar a população por sexo e idade, o Censo hoje traz um questionário robusto, que segue rigorosamente as recomendações da ONU (Organização das Nações Unidas).

“A ONU tem um conjunto de perguntas recomendadas para todos os países. Nós estamos seguindo isso e ainda adicionando informações que são importantes para acompanhar a realidade brasileira.”

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