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Consumo

De Rosa Caveira à cigana, Jéssika faz moda inspirada em entidades

Há cinco meses, a costureira começou a produzir roupas para quem é das religiões de matriz africana

Jéssica Fernandes | 20/06/2022 08:14
Jéssika veste peça criada para entidade Rosa Caveira. (Foto: Arquivo pessoal)
Jéssika veste peça criada para entidade Rosa Caveira. (Foto: Arquivo pessoal)

As peças são únicas, detalhadas e feitas sob medida pelas mãos da costureira Jéssika da Cruz, de 31 anos. Dona do Ajuberô Ateliê, ela produz roupas para pessoas de diversas religiões de matriz africana, por exemplo, a umbanda e o candomblé. De trajes para a entidade Rosa Caveira à Cigana, Jéssika costura qualquer coisa que os clientes precisarem.

A história dela com a costura começou em 2011, porém somente há dois anos ela criou o ateliê. Nos últimos cinco meses, ela passou a fazer roupas direcionadas para a prática da religião. Assim como a maioria das clientes que a procuram, Jéssika conta que sentia dificuldade em achar peças bonitas que se adequassem ao seu corpo.

Fui costureira numa fábrica em Campo Grande e comecei a me interessar, porque eu gosto de usar roupas diferentes. Mas, para o meu tamanho não tinham e todas eram sem corte ou modelo definido”, explica.

Costureira criou roupa para a entidade Dama da Noite. (Foto: Arquivo pessoal)
Costureira criou roupa para a entidade Dama da Noite. (Foto: Arquivo pessoal)

Durante a pandemia, a pedagoga comprou uma máquina, começou a vender máscaras de proteção e viu que era possível se manter através da costura. Atenta aos detalhes, a profissional relata qual é o principal objetivo que tem com o serviço prestado. “A minha intenção é direcionar a costura, porque vejo a dificuldade das pessoas em encontrar roupa, porque não tem o tamanho ou tudo é igual”, afirma.

Apesar da maioria dos pedidos virem de mulheres e serem pelo traje típico na cor branca, Jéssika também produz peças específicas de cada entidade, como a Cigana, Pomba Gira Sete Saias e Rosa Caveira. Os detalhes e composições são tópicos definidos com os clientes, por isso, o valor das encomendas variam.

Como são poucos os ateliês na cidade que trabalham com a demanda, a costureira diz que faz as peças por preços acessíveis. “Eu tento não comprar tão caro, porque eu entendo que hoje a gente não consegue pagar o justo, porque tudo é muito caro”, fala.  Além disso, ela explica que não faz distinção por tamanho. "Não diferencio as roupas por tamanho, porque as pessoas sempre perguntam: ‘Eu sou plus, quanto fica a mais?’. Não fica a mais, falo que o magro paga pelo gordo e o gordo paga pelo magro, porque não é justo ninguém pagar mais", frisa.

A profissional faz trajes para ocasiões temáticas, como festas juninas. (Foto: Arquivo pessoal)
A profissional faz trajes para ocasiões temáticas, como festas juninas. (Foto: Arquivo pessoal)

Para quem não compreende qual é o estilo que rege a maioria das roupas de matriz africana, Jéssika faz um resumo. “São roupas específicas que remetem a época da monarquia, lembram bastante o passado e sob medida”, conta. Antes de começar a compartilhar a produção nas redes sociais, ela pensou que sofreria preconceito ou intolerância religiosa. “Eu tinha medo de colocar roupas no Instagram, porque eu esperava ter retaliação”, desabafa.

Para a surpresa dela, o resultado foi bastante positivo e até hoje ninguém fez qualquer espécie de comentário maldoso. Outra alegria, segundo ela, é a reação das clientes que fazem encomendas. “Me sinto mais feliz, porque a costura é uma realização. A última pessoa que entreguei roupa chegou a chorar”, revela.

Além das roupas com temática religiosa, a profissional faz trajes para ocasiões temáticas, como o carnaval e festas juninas. Para completar o serviço, Jéssika também costura toucas de cetim. Quem quiser acompanhar o trabalho ou garantir uma encomenda, o perfil no Instagram é @ajuberoatelie

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