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Comportamento

Durante 50 anos, Zilá e Renato ficaram juntos até o "último suspiro"

Artesã, ela deixou um legado importante para expositores da Praça dos Imigrantes

Jéssica Fernandes | 12/01/2022 08:33
Na sala de casa, Renato segura foto do casamento. (Foto: Paulo Francis)
Na sala de casa, Renato segura foto do casamento. (Foto: Paulo Francis)

Renato Rodrigues Gualberto, 73 anos, lembra como se fosse ontem como se sentiu ao conhecer a mulher que marcou a sua vida. “Eu olhei para ela e gostei dela”, diz. A pessoa sobre quem fala com tanto carinho e saudade é Porificação Garcia Gualberto, mais conhecida como Zilá. O casal esteve junto durante 50 anos e honraram os votos de “até que a morte os separe”.

No dia 1º de dezembro de 2021, Zilá faleceu, aos 79 anos, devido a complicações causadas por um câncer no fígado. Desde janeiro, ela realizava o tratamento e estava otimista com a recuperação. “Ela estava lutando contra a doença, só ia fazer o cateterismo, mas teve uma dor nas costas e ficou internada. Ela ficou 33 dias no Proncor até dar o último suspiro”, fala.

Professora por formação, Zilá lecionava Português e Inglês nas escolas estaduais. Em 1986, ela se aposentou e, para não ficar parada, encontrou na pintura a segunda profissão. “A minha esposa não conhecia a preguiça”, afirma. Durante 26 anos, a artesã administrou a loja 27 na Praça dos Imigrantes e contribuiu para o artesanato campo-grandense.

Renato e Zilá durante o casamento em 1974. (Foto: Paulo Francis)
Renato e Zilá durante o casamento em 1974. (Foto: Paulo Francis)

Além de dividir espaço dentro de casa, os dois também ficavam juntos na Praça dos Imigrantes. Enquanto Zilá vendia panos de prato, ele comercializava biojoias feitas de diferentes sementes. Ao falar dos artesanatos que ela produzia, Renato não poupa elogios. “Pintava muito bem, fazia pintura em quadro, pano de prato, fazia muito tuiuiú", conta.

Ao recordar o passado, ele comenta que conheceu Zilá durante um culto na Igreja Batista. Por meio de um amigo, Renato fez o primeiro contato, que não demorou para se transformar em namoro. Em 1972, o relacionamento começou e dois anos depois, no dia 23 de fevereiro, ocorreu a cerimônia de casamento. Já em 1975, nasceu o primeiro e único filho do casal, Renato Rodrigues Gualberto Junior.

Devido ao trabalho na gerência da Caixa Econômica Federal, Renato residiu em diversas cidades com a esposa e o filho. Antes de Campo Grande ser a última parada, eles viveram em Cuiabá, Aquidauana, Dourados e Bela Vista. Quando não estavam trabalhando, os três aproveitavam para conhecer outras regiões do País.

Casal ao lado do Fusca durante viagem. (Foto: Paulo Francis)
Casal ao lado do Fusca durante viagem. (Foto: Paulo Francis)

Ao Lado B, Renato mostrou as fotos da família que revelam antigas recordações. Acompanhados por um Fusca, eles visitaram estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Foram tantos os lugares que ele acabou perdendo a conta. “Andamos mais que notícia ruim”, ri.

Enquanto olhava as fotografias, o viúvo relatava antigas tradições que mantinham. “Nos aniversários meu e dela, fazíamos um super almoço para comemorar na Praça dos Imigrantes”, lembra. Mesmo tendo um jeito de homem sério, Renato esbanjava sorrisos ao falar de Zilá. “Nós tivemos uma convivência excelente a vida inteira. Ela do jeito dela e eu do meu jeito. Um não deixava o outro, ficamos 50 anos juntos”, ressalta.

Na visão dos amigos, Zilá é lembrada como uma pessoa alegre, sorridente e que deixou um legado importante. A Presidente da API (Associação dos Artesãos da Praça dos Imigrantes), comenta sobre o jeito atencioso da colega. “Sempre foi uma senhora alegre e sorridente. Uma artesã atenciosa com suas companheiras de profissão e ativa. Desde a saída da dona Zilá, sentimos muita falta de sua presença, pois era uma artesã muito expressiva e competente”, afirma.

Em casa, Renato guarda pano pintado pela esposa. (Foto: Paulo Francis)
Em casa, Renato guarda pano pintado pela esposa. (Foto: Paulo Francis)

A artesã Genciana Ajala Paiva conhecia Zilá há nove anos. Ela relembra que no começo, a simpática senhora foi uma das primeiras a ajudar na Praça dos Imigrantes. “Ela foi uma amiga me dando dicas nas pinturas, eu sabia muito pouco. Me dava conselhos de uma mãe, tenho muito gratidão por ela fazer parte da minha vida”, conclui.

De blusa florida, Zilá com os colegas na Praça dos Imigrantes. (Foto: Arquivo Pessoal)
De blusa florida, Zilá com os colegas na Praça dos Imigrantes. (Foto: Arquivo Pessoal)

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