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Economia

Baixo poder de compra faz consumidores parcelarem de cabeleireiro a jardinagem

Cartão de crédito é o principal motivo das dívidas de 70,6% das famílias campo-grandenses

Izabela Cavalcanti | 12/08/2022 12:09
Salão de beleza parcela em até três vezes para não perder clientes (Foto: Marcos Maluf)
Salão de beleza parcela em até três vezes para não perder clientes (Foto: Marcos Maluf)

O aumento no preço dos produtos e da mão de obra dos serviços, tem feito com que muitas pessoas optem pelo parcelamento. Atualmente, a opção de dividir as contas não se limita apenas aos lojistas do comércio, agora, gasolina, gás, compras no supermercado e até mesmo poda de árvore e cabeleireiros entraram para a lista.

Visto que os consumidores tem enfrentado momentos difíceis de compra, o jardineiro Aparecido Pereira, de 40 anos, tem optado por essa modalidade de pagamento, para atrair a clientela.

"Preferi dessa forma para poder ter mais serviço e chamar mais clientes. Várias pessoas parcelam", comenta.

Aparecido parcela qualquer serviço independete do valor (Foto: Arquivo pessoal)
Aparecido parcela qualquer serviço independete do valor (Foto: Arquivo pessoal)

Ele conta que em qualquer valor, o serviço é dividido se o cliente pedir. "Divido em até cinco vezes, independente do valor. Tem poda de árvore que é 100 reais, por exemplo, eu parcelo também", completa.

A proprietária do salão de beleza Studio Cris Center, Cristina Fernandes, de 52 anos, vê a opção como um chamariz de clientes.

“Parcelando o serviço, eu ajudo o salão e também as pessoas. Não perco cliente e o salão ganha. Para nós fica muito bom”, destaca Cristina.

Ainda de acordo com a empresária, a maioria dos dias da semana, alguém entra no local perguntando sobre parcelamento. “Eu parcelo em até três vezes, a partir de 200 reais. Tem cliente que acha muito caro e pede para parcelar.”

No posto de combustíveis, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, existe a opção de parcelar em até duas vezes, a partir de R$ 150.

Acúmulo - Com isso, o acúmulo das contas vai virando uma “bola de neve”, resultando em dívidas sem fim. Esse é o caso da ambulante Cleunice Souza, de 61 anos. Vendedora do Pantanal Cap, ela conta que ganha apenas de R$ 0,50 a R$ 2 por cartela e para conseguir se manter no mês, precisa usar o cartão de crédito.

Fatura do cartão de crédito de Cleunice já chegou ao valor da renda mensal (Foto: Marcos Maluf)
Fatura do cartão de crédito de Cleunice já chegou ao valor da renda mensal (Foto: Marcos Maluf)

“Sempre parcelei. Compra de mercado, gás de cozinha, loja, parcelo quase tudo. Minha fatura já chegou a 800 reais, às vezes chega a apertar”, lamenta. O valor é quase o mesmo que sua renda mensal, que se soma ao Auxílio Brasil.

A economista do IPF-MS (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio MS), Regiane Dedé de Oliveira, ressalta que o parcelamento é ruim quando a compra precisa ser feita todo mês.

“O parcelamento não é ruim, quando há um planejamento financeiro familiar, por exemplo parcelar a poda de árvore em três vezes não seria ruim porque você não poda árvore todo mês. Ruim é parcelar compra de mercado, medicamento de uso contínuo e outras coisas que consome todo mês”, destaca.

Endividamento - O índice de endividamento das famílias de Campo Grande ficou em 59,3%, em julho. O percentual representa 189.220 pessoas endividadas, sendo que 87.620 tem conta em atraso e 36.644 não terão condições de pagar.

O cartão de crédito é o principal responsável pelas dívidas, acometendo 70,6% das famílias. Em seguida estão os carnês (25,4%); financiamento de casa (12%) e carro 9,3%.

Em relação ao tempo em que possui algum tipo de conta com pagamento atrasado, 52,4% responderam acima de 90 dias; 22% entre 30 e 90 dias; e 14% até 30 dias.

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